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TÉCNICAS PARA DIAGNÓSTICO DE FIV FELV

FIV e FeLV são retrovírus associados principalmente com neoplasias causadoras de graves complicações clínicas aos pacientes, portanto o diagnóstico dessas infecções é muito importante pelo fato de que esse conhecimento irá influenciar no manejo e tratamento adequado do paciente. A American Association of Feline Practitioners (AAFP) recomenda que o diagnóstico realizado com teste de triagem seja confirmado pela metodologia de reação em cadeia da polimerase (PCR). Quais gatos devem ser testados? TODOS! Miou, testou!!!

O teste rápido (TR) é utilizado para o diagnóstico de ambas as infecções como metodologia de triagem, ela permite obter o resultado em 10 minutos e está disponível para detecção dos dois vírus simultaneamente, utilizando soro, sangue total ou plasma. O diagnóstico para FELV é realizado pesquisando o antígeno p27 e o diagnóstico para o FIV é baseado na detecção de anticorpos da classe IgG (Levy et al., 2008). Deve-se levar em conta que o teste FIV/FELV realizado por TR tem janela imunológica de até 28 dias para ter carga viral suficiente para dar resultado POSITIVO por essa metodologia (TR). A técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional ou em tempo real (qPCR) é uma metodologia molecular capaz de detectar o material genético do vírus no sangue periférico, sendo indicada como teste confirmatório para ambas as infecções (Westman et al., 2016), apresentando maior Especificidade devido o uso de PRIMERS (sequências genéticas exclusivas) e maior SENSIBILIDADE, pois poucas cópias virais circulantes já são suficientes para serem detectadas pela técnica de PCR.

Importante recordar que após a exposição ao FeLV, existem diferentes possibilidades de evolução da infecção viral, podendo a doença ser classificada em quatro fases: 
- Progressiva: ocorre a disseminação viral, com o desenvolvimento de doenças linfoproliferativas ou mieloproliferativas (Torres et al., 2005);
- Regressiva/latente: os anticorpos controlam a viremia após algumas semanas e o vírus passa a não ser detectado no sangue periférico, embora o DNA proviral esteja presente nas células;
- Focal: o vírus se replica apenas em algum tecido ou órgão;
- Abortiva: o felino exposto ao vírus consegue responder efetivamente à infecção. (Hofmann-Lehmann et al., 2008).

Um fator complicador no diagnóstico do FeLV é que nem todas as fases são detectadas pelos métodos sorológicos. Nas infecções regressiva/latente, focal e abortiva, o antígeno p27 não está circulante (apenas dentro das células), e esses felinos apresentam resultado falso-negativo nos testes sorológicos. Nessas situações, a única metodologia capaz de identificar o DNA proviral é a PCR (Hofmann-Lehmann et al., 2008).

A infecção pelo FIV também é dividida em fases: aguda, assintomática e fase aids:
 - Fase aguda: os animais podem apresentar um pico febril com linfadenomegalia, logo em seguida, a resposta imune controla parcialmente a carga viral e os felinos entram na fase assintomática;
- Fase assintomática: dura vários anos, com ausência de sintomas, mas com queda progressiva de linfócitos T CD4+ e a inversão da relação CD4:CD8, o que leva à fase aids;
- Fase aids: é caracterizada por sinais clínicos referentes a doenças crônicas (Obert e Hoover, 2002), uma alta carga viral, com sinais clínicos mais graves, devido a infecções secundárias e oportunistas (Diehl et al., 1996).
Em relação ao FIV, os anticorpos apresentam níveis detectáveis cerca de quatro semanas após a infecção (Hosie et al., 2009). A detecção sorológica desses anticorpos pode apresentar resultado falso-negativo na fase de janela imunológica e na fase aids (Dandekar et al., 1992); neste caso, pela disfunção imunológica que ocorre na fase final da infecção (Paillot et al., 2005).

CONCLUSÃO
Os testes rápidos (TR) utilizados na rotina laboratorial detectam satisfatoriamente a presença do FIV ou do FeLV, especialmente com as amostras de plasma que geraram resultados mais precisos. No entanto, o teste confirmatório utilizando a Reação em Cadeia Polimerase (PCR) deve ser realizado principalmente em felinos com resultado de TR negativo e forte suspeita clínica de doença associada a uma dessas infecções.
 Comece pelo SNAP:
– FIV positivo -> confirme com PCR
– Felv positivo -> confirme com PCR
– Se FIV ou Felv negativo (na PCR) -> reteste em 30 e 60 dias.
– Para ambas as doenças, um exame negativo deve ser repetido. 
Segundo o Guideline do AAFP, um resultado negativo sempre indica um Status Indefinido. Animais com resultados divergentes entre SNAP e PCR devem ser retestados posteriormente e são sim considerados fonte de infecção e transmissão a outros felinos.

REFERÊNCIAS
•    DIEHL, L.J.; MATHIASON-DUBARD, C.K.; O'NEIL, L.L.; HOOVER, E.A. Plasma viral RNA load predicts disease progression in accelerated feline immunodeficiency virus infection. J. Virol., v.70, p.2503-2507, 1996.
•    HOFMANN-LEHMANN, R.; CATTORI, V.; TANDON, R. et al. How molecular methods change our views of FeLV infection and vaccination. Vet. Immunol. Immunopathol., v.123, p.119-123, 2008.
•    HOSIE, M.J.; ADDIE, D.; BELÁK, S. et al. Feline immunodeficiency ABCD guidelines on prevention and management. J. Feline Med.